quinta-feira, 6 de agosto de 2015

FOI PARA INCUBADORA

- A Michele acordou com tanto falatório e quando eu disse que você estava aqui, ela ficou desesperada. O Lucas foi buscá-la - disse a minha mãe, enquanto andávamos até a sala.
- (risos) Ela vai chegar aqui com muita raiva de mim, porque não lhe acordei. Ela é a madrinha já viu, amor ? - disse olhando para o Luan, que sorriu e beijou a minha testa.
- O pai mais chorão que eu conheço - Marizete disse.
Ao chegarmos em frente a sala, abracei os que iriam ficar me esperando e mais uma vez foi aquela emoção grande, todos chorando. Pensei que a minha amiga não chegaria a tempo com o meu irmão, mas assim que estava entrando na sala, escutei ela pedindo para esperar, veio correndo até e mim e nos abraçamos forte.
- Boa sorte, amiga.
- Obrigada !
- Afilhado, se comporte venha sem nos dá susto, já basta esse que você nos deu, querendo chegar antes da hora - todos riram, ela falava com a minha barriga. Senti uma forte contração e a enfermeira por fim me levou para a maca que me esperava.
Antes de deitar, abracei forte o Luan, ele iria me acompanhar, assim como o Roberval que estava liberado para ficar ao lado do amigo e fotografar tudo.
- Obrigado meu amor... é o melhor presente que eu já ganhei em toda a minha vida - ele dizia me abraçando, lhe olhei e demos o ''último'' beijo.

Tudo começou a andar, inclusive as minhas contrações que ficaram ainda mais forte. Só escutava o doutor pedindo que eu fizesse força, pois já estava perto, e assim eu fazia, segurando firme a mão do meu namorado que não saia do meu lado. O tempo todo dizia em meu ouvido que eu era forte e que iria conseguir dar a luz ao nosso filho.
Não demorou muito para escutarmos o choro escandaloso do Henry, e bastou só aquilo para o papai chorão dele se desmanchar em mais lágrimas. Naquela sala senti o cheiro de vida, eu fui capaz de dar a luz á um serzinho como aquele, agradeci á Deus por ter me dado a oportunidade de ser mãe. Assim como os meus pais que eram os melhores para mim, eu tentaria ser a melhor para o meu filho, o Luan eu tinha certeza que seria um grande pai e um grande companheiro para o Henry.
- Rapidinho mamãe, ele terá que ir para incubadora - disse a enfermeira.
- Ele está bem ? - perguntou o Luan.
- Sim, mas passará um tempo na incubadora. Com licença ! - ela não nos disse mais nada e saiu com o nosso filho.
       Fiquei sonolenta e acabei dormindo na maca mesmo, antes de ir para o quarto.


(...)
     Foi tudo tão rápido, o Henry foi feito muito rápido, nasceu muito rápido. E observando do vidro todo o procedimento que estavam fazendo com o meu filho, eu senti um pouco de culpa por ele ter nascido antes do tempo e ido para a incubadora. Eu tinha deixado a Larissa agitada nos últimos meses, preocupada com o nosso relacionamento, pela as coisas que eu tinha feito antes.
  - Ele é lindo, não é ? - perguntou a Michele, quando se aproximou de mim.
- Sim, muito lindo. Mas nasceu tão cedinho, a enfermeira disse que ele irá passar oito dias aqui, a Larissa vai ficar maluca quando souber.
- Ela vai entender, Luan. O Henry precisa de cuidados.
- Eu tenho culpa disso que está acontecendo.
- Como assim ?
- Por tudo que eu fiz, Michele.
- Para, Luan. A Larissa sempre soube desse descolamento que ela tinha.
- Mas, na última consulta dela, estava tudo certo com esse descolamento, ele não iria nascer antes do tempo, mas eu fui o culpado quando deixei ela nervosa com aquela história de traição.
- Não se culpa, Luan. Esquece o que aconteceu, o Henry está bem.
- Mas é, Michele - escorei a minha cabeça no vidro e chorei desesperadamente.
- Larissa não iria gostar de ouvir isso. Passou, Luan - Michele me afastou do vidro e nessa mesma hora uma enfermeira saiu da sala a qual o Henry estava e se aproximou de nós dois.
- Você está passando bem ? - me perguntou.
- É porque o filho dele está na incubadora, não tinha como ele pegar no filho ?
- O Henry ?
- Esse mesmo - respondi, olhando para ela e limpando as lágrimas.
- Vem comigo !
A enfermeira me levou até o meu filho que estava na incubadora inquieto, ele com certeza sentia falta da mãe, tinha duas entradas a qual eu poderia colocar a mão dentro de uma luva e ir diretamente no meu filho. E foi o que eu fiz, fiquei ali, alisando o rostinho dele, que se acalmou um pouco, mas deu um chorinho baixo.
Não queria sair do lado do meu filho, mas foi preciso, eu não poderia mais continuar por ali. Mas voltaria quando a Larissa foi amamentá-lo.

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