O nosso passeio em família tinha chegado ao fim. Tínhamos nos divertido muito, apesar de tantas coisas que aconteceram durante essa viagem. Mas agora voltávamos para a nossa rotina, nossa realidade, o trabalho.
Ainda morava com os meus pais enquanto eu não decidia o que eu queria para o meu relacionamento. Na verdade, já tínhamos decidido, ou eu tinha decidido. O Luan sempre tentava me convencer de morarmos juntos antes de nos casarmos e essa viagem me fez tomar a decisão de que eu iria morar com o Luan, em um apartamento maravilhoso que ele tinha escolhido, ali em São Paulo, próximo de nossos pais. Mas eu só faria isso, porque os preparativos para o casamento já estava começando, eu tinha a certeza de que iria casar com ele e não apenas nos juntarmos.
Foram tantas decisões e novidades assim que chegamos em São Paulo. Uma amiga, Gabriela, uma Dermatologista, me convidou para fazermos a nossa clínica. Isso sempre foi o meu sonho, ter o meu cantinho para trabalhar estava em meus planos, até surgir o emprego maravilhoso ao lado do Luan. Eu, uma fã apaixonada pelo o ídolo e querendo ficar ao lado dele todo tempo, acabei aceitando e deixando alguns planos para trás.
Mas ao pisar em São Paulo e ter a ligação da Gabriela, decidi que iria concluir todos os meus planos pendentes. Os meus pais sempre me apoiaram e até iriam me ajudar para construir a minha clínica, mas agora eu tinha o Luan, mais uma cabeça para tentar convencer a fazer parte de tudo isso, eu queria ter o seu apoio.
- Quem ligou, amor ? - perguntou o Luan, arrumando a sua mala.
- Uma amiga querendo desabafar - menti
- A Michele ?
- Não ! - dobrei uma roupa e o entreguei para colocar em sua mala. - Falando na Michele. Ela anda sumida, não é ? Não nos falamos mais por telefone. Será que está com algum paquerinha e esqueceu da amiga ? - fiz um bico, fazendo o Luan rir. - Quando começamos a ficar eu não esqueci dela.
- Ela deve está atolada de coisas da faculdade. Você também ficou assim um dia, lembra ? Projetos, defensa de TCC, formatura, baile, roupa e tantas outras coisas que vocês mulheres se preocupam além das coisas que tem que se preocupar de verdade.
- Não entendi !
- (risos) Esquece, princesa - beijou o meu rosto. - Acho que eu estou esquecendo de alguma coisa. Estou esquecendo de algo ?
- Está esquecendo que falta apenas cinco minutos para o Wellington passar aqui e te arrancar dessa casa. Você está atrasado, Luan.
- Sério ? Cara, estou com a sensação de que estou esquecendo alguma coisa.
- Será que não é o meu beijo ? - me aproximei do meu amado e passei a mão em seu rosto. - Acho que é o meu beijo, mesmo.
- (risos) Deve ser mesmo ! - demos um beijo quente e sem intenção de parar por ali.
Fomos interrompidos por batidas na porta e mesmo sem querer nos afastar, tivemos que nos afastar ao escutar uma voz conhecida, a voz da nossa criança. Luan, com o maior sorriso abriu a porta e encontrou a sua mãe com o nosso filho em seus braços. Henry, batia palmas e tinha um sorrisinho banguelo no rosto.
- Ele não para de bater palmas depois que o Amarildo cantou ''Parabéns Pra Você''. E ainda tenta cantar a música. Vim mostrar para vocês.
- Meu Deus ! Meu filho, como você é precoce. Só tem três meses, apenas - disse o pai.
Ficamos babando em nosso filho, como sempre. Ele era lindo, sábio e nos fazia muito feliz. A nossa felicidade foi trazida por ele, com aqueles olhinhos apertado, aquele sorriso que encantava qualquer pessoa e a sua inocência.
Passamos alguns minutos brincando com o nosso filho. Quando o Wellington chegou em um carro preto, o motorista que iriam levá-los. O Luan não era o único atrasado.
- Se cuida, meu amor - selou os meus lábios. - Cuida do nosso filho, direitinho.
- Você também se cuida. Quando chegar na cidade lá, me liga.
- Tudo bem ! Te amo - me beijou mais uma vez e se despediu do filho e dos pais.
( QUATRO SEMANAS DEPOIS )
Estávamos no chão do nosso novo lar, desembrulhando alguns presentes que tínhamos ganho antes do casamento. Algumas pessoas que não iriam comparecer a cerimônia, nos mandou alguns recadinhos acompanhado de presentes úteis para nossa casa... nosso apartamento. Foi então que contei sobre a clínica que estava sendo construída há três semanas.
- Por qual motivo não me contou ? - perguntou parando de desembrulhar um dos presentes.
- Eu só queria te contar quando o projeto já estivesse caminhando.
- Por que, Larissa ?
- Porque, eu sempre sonhei com isso, Luan. Era um dos meus objetivos que eu queria muito alcançar. E... coloquei em minha cabeça que se muitas pessoas ficassem sabendo, o projeto não iria dá certo.
- Eu sou seu noivo, Larissa. Tudo iria dá errado se me contasse ?
- Não é isso... Eu...
- Beleza ! Não precisa ficar tentando se explicar. Já entendi que não vamos ter conversas sobre os nossos trabalhos, na verdade, você não vai me contar sobre o seu trabalho, pois pode dá errado se me contar. Entendi ! - ele jogou o embrulho do presente ao seu lado e se levantou.
- Luan, não é isso. Eu vou contar sobre o meu trabalho. Mas esse eu queria fazer uma surpresa, mesmo.
- Larissa, já percebeu que eu não sei quais são os teus planos ? Eu entendo que seja uma coisa pessoal, mas nós vamos nos casar, tudo precisa ser compartilhado. Eu não sabia desse seu desejo de ter uma clínica.
- Eu já tinha conversado com você sobre isso.
- Comigo ?
- Sim ! Sabia que não iria lembrar. Eu te falei no dia que transamos pela a primeira vez e você me perguntou sobre os meus planos, sobre os meus desejos, e eu te contei com maior prazer, com um sorriso no rosto por saber que você estava querendo conhecer um pouco mais de mim. Não lembra de nada do que eu falei naquele dia. Para mim foi especial, Luan. Mas pra você, não.
Tentei levantar mais não consegui. Uma tontura forte, que embaçou a minha vista, me fez sentar novamente e colocar as mãos na cabeça, como se fosse uma forma de fazer o ''mundo'' parar de rodar naquele momento.
- Não vem com esse papinho, não. Eu lembro ! Você não me contou nada sobre os seus planos, sobre os seus desejos. Me disse que eu iria descobrir com o tempo. O tempo está passando e eu ainda não sei muita coisa sobre você.
- E porque vai casar comigo ? O teu filho está te prendendo á mim ? Não se prende, não. Eu não quero que você se prenda á mim, por causa do nosso filho.
- EU VOU CASAR COM VOCÊ, PORQUE EU TE AMO. SE NÃO FOSSE ISSO, EU NÃO CASARIA, ÓBVIO. VOCÊ NÃO SABE O QUANTO ME IRRITA, QUANDO ME FAZ ESSA PERGUNTA. PORQUE VAI CASAR COMIGO ?
- Aí, para de gritar ! - coloquei a mão no ouvido, a minha cabeça doía bastante, os meus olhos também doíam. Me levantei novamente e consegui ficar em pé, mas com a mão na cabeça, pois a dor era terrível. - Eu entendi... Você não gostou do que eu falei, tudo bem. Agora me deixa em paz. Vai em casa, toma um banho, fica um pouco com o nosso filho. Me deixa aqui... com a minha dor de cabeça.
- Você está sentindo alguma coisa ?
- Não ... - coloquei a mão na boca e corri até o banheiro.
- Larissa ! Você está grávida ?
- Não ! Eu não estou grávida, inclusive eu estou na TPM. Faça o favor de sair daqui e me deixar sozinha. Eu preciso ficar sozinha, Luan.
Entreguei a chave do seu carro e a sua carteira, o levei até a porta do nosso apartamento, o expulsando de lá. Eu realmente queria ficar sozinha, a minha cabeça não estava nada bem, eu não estava nada bem. Mas eu só queria ficar sozinha.
- Você vai ficar bem, sozinha ?
- Eu vou... Qualquer coisa eu ligo. Não se preocupa.
- Tudo bem ! - beijou a minha testa e eu fechei a porta.
Essas dores de cabeça estava aparecendo com muita frequência, além de dores nos olhos, muita náusea e vômitos. Eu não estava grávida, pois assim que apareceu esses sintomas fui até a minha ginecologista e tudo estava normal, era apenas o estresse do dia-a-dia como ela mesmo tinha dito. A Michele sabendo de todas essas coisas que eu estava sentindo, não saia de cima de mim, estava sempre me ligando e me orientando á ir ao médico, nada era normal. Mas lhe acalmei quando a minha ginecologista disse que era apenas estresse, eu só teria que relaxar e viver bem
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