terça-feira, 21 de julho de 2015

MESES EM REPOUSO

O dia seguinte foi repleto de canções, o Luan e o Matheus quando se juntavam saía bastante melodia e letras apaixonadas. Ficamos ali no hotel mesmo, dentro de um quarto, e enquanto os meninos tentavam compor uma música, eu e a Paula conversávamos sobre os nossos bebês que estavam a caminho.
               A noite seguimos para a cidade ao lado do Rio de Janeiro, ali seria o próximo show e voltaríamos para São Paulo, dois dias depois eu teria que até o médico, eu estava sentindo algumas coisas estranha, mas não quis comentar com o Luan e apenas liguei para a minha mãe, que logo marcou uma consulta.
      Naquele show fiquei no palco apreciando o espetáculo que o meu namorado apresentava para aquele público apaixonado e encantado por ele. Cheguei a me emocionar algumas vezes e sentir os chutes do nosso filho. Eu sentia que algo não estava indo bem, pois o Henry era sempre muito quietinho e hoje ele passouo dia rodando na minha barriga sem parar, chutava constantemente. Falaria para o Luan quando terminasse o show.
- Amarildo, eu preciso de água - disse me segurando nele.
- Está sentindo alguma coisa ?
- Um pouco de enjoo, preciso de água.
- Calma, vou pedir para o Roberval. Senta aqui ...
     Sentei em uma cadeira ao lado do palco e o Luan ao olhar para o lado me viu de cabeça baixa e com a mão na cabeça. Enquanto isso o Roberval chegava com a água que eu tinha pedido, isso fez com que o Luan saísse de fininho do palco (ainda cantando) e viesse até mim. Amarildo o tranquilizou e pediu que voltasse, já estava acabando o show e ele tinha que concluir, sem mostrar que estava preocupado com algo. Também pedi que voltasse para o palco tranquilo, pois eu não estava sentindo nada, além de um forte enjoo.
Assim que terminou o show fomos direto para o camarim.
- O que foi cara ? Você ficou pálida, Larissa.
- Só foi um enjoo, amor.
- Sério ? Não está sentindo nada ?
- Na verdade eu estou sentindo, sim.
- O que ? Me fala, Larissa. Não esconde, poxa !
- O seu filho não parou de mexer desde aquela hora que você conversou com ele. Não para de mexer e isso está me incomodando. Liguei para a minha mãe e ela marcou logo uma consulta.
- Uai, mas é grave quando ele se mexe assim ?
- Não sei, mas eu tenho medo que seja aquele probleminha que o médico disse da outra vez.
- Entendi ! É melhor ir ao médico mesmo. E olha, acho melhor já começar a ficar de repouso em casa. Não quero que nada aconteça com o nosso filho e nem com você. Quero que tenha essa criança de um jeito saudável e que ele venha saudável.
- Eu não vejo problema continuar viajando com você. Não faço tanto esforço - fiz um bico.
- Não faz esse bico. Eu me preocupo com você, amor.
- Eu também concordo com o Luan - disse o meu sogro. - Você tem um deslocamento, Larissa. Você faz esforço, de vez em quando pega uma mala pesada que ninguém vê.
- Teimosa ! Sabe que não pode, Larissa.
- Pega essas coisas pesadas, não descansa direito.
- Já podem parar com os sermões de vocês - cruzei os braços.
- Ela não gosta de ouvir conselhos, pai. Bem cabeça dura.
- Não é isso, amor. Entendo a preocupação de vocês, mas eu não acho tão necessário eu parar de te acompanhar. Eu não faço tanta coisa errada.
- Irei com você nessa consulta, caso eu não tenha nenhum compromisso. E quero saber o que ele acha da minha proposta.
- Que proposta ?
- De você ficar em casa, em repouso.
- Não me quer mais ao seu lado nas viagens ? - meus olhos marejavam logo, ao pensar que ele estava dando desculpas para ficar longe de mim um pouco. Sentia que ás vezes lhe sufocava.
- Claro que quero, meu amor. Mas se isso for o melhor para você e o Henry, eu prefiro que fique em casa repousando. Depois que ele nascer, você vai viajar muito comigo.
           Beijei o seu rosto e o Wellington apareceu no camarim, nos chamando para ir direto para a van. Ele dizia para o Luan não parar,  pois tinha muita gente lhe esperando e aquilo poderia nos prender por ali . Sempre ficava irritada quando o Wellington falava algo e o Luan atendia, como se fosse um cachorrinho, mas não quis comentar e nem discutir sobre aquilo. Não, naquele dia. Mas iria ter uma conversa séria ainda com o meu namorado.


             (...)

 Em minha consulta com o médico ele concordou com a proposta do Luan e agora sem vontade alguma, eu seria obrigada a ficar em casa e repousar por esses dias. Pois o meu médico afirmou que o deslocamento poderia provocar um aborto, caso eu não ficasse quietinha, portanto eu teria que fazer o minímo de esforço possível.
Sendo daquele jeito tive que pegar algumas roupas e ir para a casa dos meus pais, meio que abandonando o meu apartamento. O Luan passo o dia todo comigo na casa dos meus pais, me enchendo de beijos e mimos, levou até flores. Lembrei que o meu filho não tinha praticamente nada, ainda.
- Amor, eu preciso comprar o enxoval do nosso filho. O Henry só tem aqueles presentes que foi dado no dia que descobrimos que era um menino. Vou aproveitar esses dias que estarei repousando e vou fazer umas comprinhas para o nosso bebê.
- Esses dias não, mocinha. Esses meses... você vai passar meses repousando até o nosso Henry nascer. E outra, toma esse cartão aqui - ele tirou da sua carteira um cartão de crédito. - Compra as coisas do Henry nesse cartão e compra roupas apropriadas para grávidas também, vejo que você não quer se desfazer de suas roupas de quando não tinha barriguinha e acaba apertando a barriga.
- Eu tenho roupas largas, não preciso.
- Compra uns vestidos, amor. Algo assim !! Ah, tira foto de tudo e me manda por whatsapp, quero ficar por dentro de tudo sobre o nosso filho.
- Pode deixar, amor. Mas não precisa do seu cartão eu faço isso com o meu.
- Eu faço questão, leva e não discute sobre isso.
  Não pude falar nada pois assim evitaria discussões. Mas eu não gostava quando ele fazia isso, me dando cartão ou dinheiro para que eu pudesse comprar algo.

(...)

              Primeira semana sem o Luan, ele estava á todo vapor em sua turnê pelos os estados e cidades. Agora só nos comunicamos por telefone e eu confesso que estava ficando com insegurança. Nunca fui de sentir aquela insegurança forte, mas de um tempo para cá eu começava a sentir, até porque fazia muito tempo que não fazíamos amor. E o Luan não comentava comigo sobre isso, não ''cobrava'' de alguma forma e aquilo me deixava com um pé atrás. E o pior, guardava tudo para mim e isso fez com que eu molhasse o travesseiro por várias noites.
       

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